quinta-feira, 2 de junho de 2011

Eu aceito, Tu aceita, Nós nos aceitamos...



“...na experiência do coletivo que a vida neoliberal - individualista - escondeu!!!! Para ser parceiro não penso ser necessário 'despir-se de você", mas acolher o outro em mim: a minha alteridade, constituindo um novo renovado eu.”
Como é bacana escrever e poder ler as reflexões dos demais... Principalmente quando abrem-se novas janelas para o pensar... sou-lhes grata!

A colocação acima me incitou ainda mais a reflexão a respeito de relações de equidade, igualdade e conceito moral de estar com o outro. Então fui buscar no dicionário o significado da palavra Acolher: Receber alguém bem ou mal, hospedar, agasalhar, aceitar, receber.

Ou seja, o fato de dizermos que acolhemos alguém não necessariamente é um ato de equidade, no qual me flexibilizo estreitando diferenças e ressaltando igualdades.

Diante do contexto capitalista que não emprega e tão pouco investe nas relações de “ganha X ganha” temos o verbo ACEITAR como um desafio. Para aceitar o outro em mim, indelevelmente meus valores, conceitos de mundo, de vida, de ser e estar, no aqui e agora, sofrem um abalo de escala sísmica.

Talvez por isso, seja cada vez maior o número de pessoas que encontra dificuldades de relacionar-se, em sua maioria porque queremos que o outro seja aquilo que idealizamos- aquilo que queremos – sem tirara nem por. E por não conseguirmos nos articular diante da frustração de não termos nossas ideias assim materializadas, vivenciamos relacionamentos relâmpagos.

Para acolher é preciso ter limites, saber exatamente aquilo que tenho para dar e entender o limite do que o outro tem para me oferecer. A fluidez entre os dois é uma questão mais de intuição e sensibilidade, enquanto que a razão seria como as algas no mar que dão sustento e oxigenação para a vida.

Acolher o outro pressupõe estar ao lado, caminhar junto, mesmo nos momentos em que não concordamos com as ideias alheias. De fato, generosidade, maturidade e sabedoria são bem vindos em nosso cotidiano e talvez exercitar algumas práticas possam ser um bom caminho. Pensemos juntos em algumas posssbilidades:

 - Os grandes sábios   transformam  dúvida   em  pergunta.   A resposta sempre vem, quando fazemos uma boa pergunta, porque no fundo ao elaborarmos a pergunta junto com ela elaboramos também a resposta, que na maioria das vezes já reside dentro de nós. É fato: precisamos voltar a ouvir a nossa voz interna! Ou perceber a sutileza da natureza que se revela de diferentes formas dependendo de nosso estado de ânimo (através de um sonho, uma conversa que ouvimos na  rua, a fala de um filme...).

- Viver o aqui e agora, aprendendo a acolher   um   momento  seja ele feliz   ou   triste, aprendendo a tirar o melhor  proveito  da  dádiva que é  o  presente. 
 
- Acolher uma crítica ou a ideia do outro, sem, no entanto ter a pretensão de acertar ou agradar sempre,  mantendo o foco apenas no fato que as críticas são bem vindas, pois sempre nos  fazem pensar, acrescentam ou nos ajudam a elaborar uma nova visão de nós mesmos. 

- Aprender a escutatória, que pressupõe ouvir o outro, ou a nós mesmos, sem  a preocupação da  defesa.

- Acolher um elogio, se alguém está  falando é porque nós conquistamos de alguma forma este lugar, este olhar. 

- Confiemos! Há um SER muito maior que rege nosso ir e vir e certamente por ELE somos guiados.


2 comentários:

  1. Fantástico Si! Encaminharei para várias pessoas que estão passando por esta fase, como você bem disse: estão em relacionamentos relâmpagos.

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  2. Simone,
    Você levantou muitos pontos interessantes: acolhimento do outro em suas manifestações pró ou contra nós, os encontros relâmpagos, o ouvir etc. Há uma afirmação de Bakhtin que eu adoro quando ele fala da alteridade. È mais ou menos assim: Eu tenho do outro uma excedente de visão que ele próprio não tem dele. E da mesma forma, ele o tem de mim. Ele vê coisas em mim que eu mesmo não consigo ver. Para compreender este outro devo me abrir para compreender a posição dele e, depois, a mim retornar, sem de mim me perder. Isto, no meu entender, serve para ambos os lados: eu-outro; outro-eu. Ao 'lermos' ou sermos lidos, o fazemos a partir de um 'óculos'.
    Continuo adorando este espaço de reflexão coletiva que vc abriu.
    Bjs
    Fatima

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